segunda-feira, 3 de março de 2025

Estratégia e argumentos do texto

 Para alcançar um bom desempenho na Redação do Enem, é essencial dominar diferentes formas de argumentar. Uma dessas estratégias é a bilateralidade, que pode contribuir para a construção de um texto mais reflexivo e bem fundamentado. Acompanhe esta explicação e aprenda como aplicar esse recurso em sua dissertação!

O que é a bilateralidade e como utilizá-la

Ao redigir o texto dissertativo-argumentativo, é possível empregar a bilateralidade como um meio de discutir dois pontos de vista opostos sobre o mesmo assunto. Isso não significa que o(a) redator(a) esteja em dúvida quanto ao posicionamento, mas sim que está analisando o tema com profundidade, especialmente quando ele apresenta natureza controversa.

Refletir sobre visões distintas é sinal de maturidade intelectual e demonstra capacidade analítica. Ao apresentar diferentes perspectivas, é possível até mesmo desenvolver uma terceira via — mais equilibrada e crítica. Esse tipo de abordagem costuma impressionar positivamente quem corrige a redação, contribuindo para uma avaliação mais alta.

Estrutura básica para aplicar a bilateralidade

Uma forma eficiente de empregar essa técnica é iniciar o texto com a apresentação do tema, destacando que há duas visões principais a respeito dele. Em seguida, você pode desenvolver um parágrafo para cada ponto de vista: um defendendo os argumentos de um lado (o “lado A”) e outro para o posicionamento contrário (o “lado B”).

Essa estrutura ajuda a comparar as ideias de forma justa, conduzindo o leitor a uma conclusão ponderada, que pode incluir uma proposta de intervenção que una os aspectos mais produtivos de cada perspectiva e critique os aspectos mais problemáticos.

Esquema resumido da técnica

  1. Contextualize o tema, evidenciando que há pelo menos duas abordagens predominantes.

  2. Apresente o ponto de vista A, destacando argumentos favoráveis e/ou contrários.

  3. Em seguida, desenvolva o ponto de vista B, também explorando seus prós e contras.

  4. Finalize com uma síntese crítica, destacando o que há de válido em cada posição e propondo soluções que articulem essas ideias de forma complementar.

Exemplo prático: a legalização do aborto

Embora improvável como tema do Enem, a legalização do aborto ilustra bem o uso da bilateralidade. Um lado do debate defende a legalização como forma de preservar a saúde da mulher, reduzindo os riscos de procedimentos clandestinos e garantindo maior controle sobre o próprio corpo.

Por outro lado, a decisão de não interromper a gestação também pode ter aspectos positivos, como o fortalecimento de políticas de adoção e responsabilização parental. Essas posturas, embora diferentes, não precisam ser incompatíveis — podem ser analisadas de forma integrada, desde que bem organizadas no texto.

Outro exemplo: o impacto da televisão

Temas menos delicados também permitem o uso da bilateralidade. Ao abordar a televisão, é possível refletir tanto sobre seus aspectos prejudiciais, como a alienação e o consumo passivo de conteúdo, quanto sobre benefícios, como o acesso democrático à informação e ao lazer.

Esses efeitos não precisam ser tratados como opostos absolutos, mas como elementos que coexistem. Trabalhá-los de maneira equilibrada mostra discernimento e oferece base sólida para a elaboração de uma proposta de intervenção que promova o uso consciente da mídia.


Análise de redação com uso da bilateralidade

Ao observar uma produção textual que utilizou essa técnica, notamos que a introdução apresentou de maneira geral tanto os pontos positivos quanto os negativos do uso da tecnologia. A menção a ambos os lados foi adequada, embora a seleção de exemplos mais específicos pudesse tornar o texto mais contundente.

No segundo parágrafo, foi discutido o papel dos meios de comunicação como instrumentos de lazer e divulgação de conhecimento, mas faltou sustentação com dados ou exemplos reais. Além disso, seria interessante problematizar se esse acesso à informação ocorre de maneira realmente livre e sem manipulação.

O terceiro parágrafo utilizou uma analogia com a narrativa bíblica de Adão e Eva para representar escolhas superficiais em relação à mídia, mas deixou de considerar o papel de instituições como a imprensa, o Estado ou a escola — o que tornaria a análise mais robusta.

Já na conclusão, em vez de reunir os aspectos benéficos e negativos discutidos, houve apenas uma responsabilização individual. A ausência de uma proposta de intervenção prática e coletiva enfraqueceu o encerramento do texto.

Apesar disso, o(a) autor(a) conseguiu, com equilíbrio, reunir prós e contras sem cair em contradições, o que caracteriza bem a aplicação da bilateralidade como técnica argumentativa.


ATIVIDADE PROPOSTA

Agora é a sua vez de praticar! Experimente aplicar a técnica da bilateralidade escrevendo uma redação sobre um dos temas abaixo:

  • Enem 2013: Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil

  • Enem 2014: Publicidade infantil em questão no Brasil

  • Enem 2017: Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil

  • Enem 2018: Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados

Lembre-se: o treino constante é essencial para aperfeiçoar sua escrita e desenvolver argumentos sólidos e bem estruturados. Vamos tentar?

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