quarta-feira, 7 de maio de 2025

Iracema de José de Alencar, capítulo XXVIII

 Leia o trecho do livro Iracema de José de Alencar, capítulo XXVIII. Identifique o tipo de narrador utilizado pelo autor neste trecho. Além disso, analise como o texto sugere uma reflexão sobre o encontro de culturas no contexto da colonização do Brasil.

Após a leitura, responda às perguntas acima em um único documento (PDF ou Word) ou responda em seu caderno.
Certifique-se de usar uma linguagem clara e coesa em suas respostas. 

--COPIE OS TRECHOS DESTACADOS EM SEU CADERNO DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA-- Foco narrativo, o que é? 

Foco narrativo é a perspectiva, o ponto de vista por meio do qual o narrador conta uma determinada história. 



 

Tipos de narradores:  

Narrador onisciente é aquele que narra em 3ª pessoa e conhece, tal qual um Deus, tudo sobre o que ocorre na história, inclusive o estado mental e emocional das personagens. 



 

Narrador-protagonista, como o próprio nome sugere, é a personagem principal que narra os fatos, em 1ª pessoa, de acordo com seus sentimentos, percepções e pensamentos, sem ter acesso ao estado mental e emocional das demais personagens 



 

 

Narrador-testemunha, uma personagem secundária que narra, em 1ª pessoa, os conflitos de outras personagens, sem saber o que se passa na interioridade delas, e que, por isso, apenas infere, apresenta hipóteses com base no que viu e ouviu. 



 

 

Leia abaixo um trecho do livro Iracema, outra obra de José de Alencar:  

Iracema: XXVIII  

Uma vez o cristão ouviu dentro em sua alma o soluço de Iracema: seus olhos buscaram em torno  

e não a viram. A filha de Araquém estava além, entre as verdes moitas de ubaia, sentada na relva. O pranto  desfiava de seu belo semblante; e as gotas que rolavam a uma e uma caíam sobre o regaço, onde já palpitava e  crescia o filho do amor. Assim caem as folhas da árvore viçosa antes que amadureça o fruto. – O que espreme as  lágrimas do coração de Iracema? – Chora o cajueiro quando fica tronco seco e triste. Iracema perdeu sua  felicidade, depois que te separaste dela. – Não estou eu junto de ti? – Teu corpo está aqui; mas tua alma voa à  terra de teus pais, e busca a virgem branca, que te espera. Martim doeu-se. Os grandes olhos negros que a  indiana pousara nele o tinham ferido no íntimo. – O guerreiro branco é teu esposo; ele te pertence. Sorriu em sua  tristeza a formosa tabajara:– Quanto tempo há que retiraste de Iracema teu espírito? Dantes, teu passo te guiava  para as frescas serras e alegres tabuleiros: teu pé gostava de pisar a terra da felicidade, e seguir o rasto da  esposa. Agora só buscas as praias ardentes, porque o mar que lá murmura vem dos campos em que nasceste; e  o morro das areias, porque do alto se avista a igara que passa. – É a ânsia de combater o tupinambá que volve o  passo do guerreiro para as bordas do mar, respondeu o cristão. Iracema continuou:– Teu lábio secou para a esposa;  assim a cana, quando ardem os grandes sóis, perde o mel, e as folhas murchas não podem mais cantar quando  passa a brisa. Agora só falas ao vento da praia para que ele leve tua voz à cabana de teus pais. – A voz do 

guerreiro branco chama seus irmãos para defender a cabana de Iracema e a terra de seu filho, quando o inimigo  Viera esposa meneou a cabeça:  

– Quando tu passas no tabuleiro, teus olhos fogem do fruto do jenipapo e buscam a flor do  espinheiro; a fruta é saborosa, mas tem a cor dos tabajaras; a flor tem a alvura das faces da virgem branca. Se  cantam as aves, teu ouvido não gosta já de escutar o canto mavioso da graúna, mas tua alma se abre para o grito  do japim, porque ele tem as penas douradas como os cabelos daquela que tu amas! – A tristeza escurece a vista  de Iracema, e amarga seu lábio. Mas a alegria há de voltar à alma da esposa, como volta à árvore a verde rama.  

– Quando teu filho deixar o seio de Iracema, ela morrerá, como o abati depois que deu seu fruto.  Então o guerreiro branco não terá mais quem o prenda na terra estrangeira. – Tua voz queima, filha de Araquém,  como o sopro que vem dos sertões do Icó, no tempo dos grandes calores. Queres tu abandonar teu esposo? – Não veem teus olhos lá o formoso jacarandá, que vai subindo às nuvens? A seus pés ainda está a seca raiz da  murta frondosa, que todos os invernos se cobriam de rama e bagos vermelhos, para abraçar o tronco irmão. Se  ela não morresse, o jacarandá não teria sol para crescer tão alto. Iracema é a folha escura que faz sombra em tua  alma; deve cair, para que a alegria alumie teu seio. O cristão cingiu o talhe da formosa índia e a estreitou ao peito.  Seu lábio pousou no lábio da esposa um beijo, mas áspero e morno.  

  

1. Qual o tipo de narrador utilizado por José de Alencar em Iracema? 

2. Uma interpretação possível de Iracema é a de que a lenda criada por Alencar representa o  fim da cultura nativa no Brasil, ocorrido com a chegada do colonizador, e o surgimento de uma nova  cultura, a brasileira, formada pela união das etnias indígena e portuguesa. De que modo essa ideia  é sugerida no capítulo em estudo? 


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